Pra Me Enlouquecer É Mais Caro

República Anárquico-frevocrática fundada em 2002 por Rainha do Maracatu Roubada de Ouro, Senhor do teu Anel e Catirina Sem Mateus. Atualmente é administrada pela Mulherzinha 3.4 e a Rainha do Maracatu Roubada de Ouro. Afinal de contas, nunca perdemos a nossa majestade

sexta-feira, abril 30, 2010

Será que a louca sou eu?

Às vezes eu leio os jornais e tenho me deparado com umas coisas que me deixam meio espantada. Mas das duas uma: ou eu sou burrinha demais ou a função do jornalismo acaba mesmo subvertida. Entenda. Não sou fã de Nouvelle Vague. Mas o texto não deixa muito claro se é para assistir ao show de Nouvelle Vague ou não, se a banda é boa ou não. A mim me soa mais como crítica antecipada, carregada de ironias e mágoas. Vôte!


Que tal o bom e velho: O quê, quem, quando, onde? Os porquês da vida às vezes são acentuados demais. Abaixo o texto do Jornal do Commercio de hoje que me fez (de novo) refletir sobre isso. Não, não é a primeira vez. Parece que tá virando modinha. Às vezes, notícia deveria ser notícia. E ponto!


Bossa nova em francês Publicado em 30.04.2010
Banda Nouvelle Vague toca amanhã, às 23h, no Mercado Eufrásio Barbosa

Schneider Carpeggiani
carpeggiani@gmail.com

Ainda bem que não deu tempo ainda! Não deu tempo de a gente olhar para trás e ver como os últimos 10 anos foram ridículos, despropositais, sem estilo... Enfim, toda aquela ressaca emocional que tanto marca a passagem entre as décadas. Pense bem: em breve você vai olhar para trás e descobrir que se preocupou/se maravilhou com palavras começadas com “i” (iPod, iPhone...) e também com downloads, Strokes e (pior) até com versões de clássicos em vestimenta banquinho e violão. Mas como a hora do sal de frutas não chegou, dá para assistir à segunda passagem pelo Recife do projeto francês Nouvelle Vague, amanhã, no Mercado Eufrásio Barbosa.


Foi em 2004 que a gente ouviu falar primeiro do NV, graças ao choque que a versão caipirinha e solar do desmantelo passional que é Love will tear us apart, do Joy Division, causou. O álbum homônimo do grupo seguia por essa mesma fórmula: pedradas como Guns of Brixton (The Clash) e Friday night, saturday morning (The Specials) reapareceram calminhas, calminhas, sem fazerem mal a uma mosca. O disco dividiu o mundo entre amor e ódio, virou cult e criou um sem-fim de imitadores. Fez tanto sucesso que, o que era para ser apenas um projeto, resultou em mais duas continuações. Os produtores até tentaram inovar. A bossa nova de antes ganhou mais percussão aqui e ali e até um acento country, na hora de refazer pérolas como Don’t go (Yazoo), mas o jeitão de som de barzinho permaneceu no ethos da coisa.


O Nouvelle Vague chega ao Recife amanhã embalado pela calorosa recepção que recebeu quando participou do Festival Coquetel Molotov, há três anos, em que o público cantou Killing moon (do Echo and the Bunnymen) com a felicidade de quem estava de frente para os verdadeiros autores da canção. Aceite ou não, tem horas na vida que um “paraguaio” cai bem.


» Nouvelle Vague, com participação do Original DJ Copy e Banda Ciné: amanhã, às 23h, no Mercado Eufrásio Barbosa. Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia), à venda nas lojas Vulgo  

terça-feira, abril 27, 2010

Existe serviço público eficiente. E gente boa trabalhando nele também

Essa história começa em 1999, quando minha mãe morreu. Desde então, tendo desdobrar um inventário empacado por diversos motivos. O fato é que no ano passado tirei 30 dias de férias pra correr atrás de regularizar documentos, dar baixa em hipoteca, retirar certidões e pedir nada consta aqui e acolá.

Certo. Só faltavam uns terrenos em São José de Mipibu, no Rio Grande do Norte. Coisa de uns 10 lotes que haviam sido comprados por meu pai no final da década de 70, haviam ficado pra minha mãe no divórcio deles, em 1988, e que estão arrolados neste bendito inventário.

Eis o perrengue. Cheguei a pagar o advogado anterior pra ir lá (e diária de advogado não é barata, creiam-me, ainda mais com esse deslocamento) e parecia que os terreos estava incruados, ninguém sabia onde se localizavam ou a quantas andava a dívida com a Prefeitura.

Acontece que pra finalizar o inventário, vc precisa estar quites com todos os impostos. Certo, pagar eu até quero, mas como?

Peitica tanto fiz que consegui pelo site da Prefeitura um telefone da Secretaria de Finanças, de onde me redirecionaram pro celular de um funcionário, que me enviou POR EMAIL os PDFs dos boletos bancários pro recolhimento dos impostos devidos.

Só isso já me deixou chocada porque, ano passado, eu levei CINCO HORAS pra ser atendida na Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes só pra pegar boletos de pagamento de IPTU. Ao voltar lá, com meu pai e, portanto, com ficha preferencial (ele tem 69) levei TRÊS HORAS pra ser atendida.

Imprimi os PDFs dos terrenos do Rio Grande do Norte e paguei. Enviei os comprovante por email pra o funcionário em questão e, no mesmo dia,ele me enviou a imagem escaneada do documento de Nada Consta da prefeitura municipal.

Lindo.

E o juiz? Aceitou?

É óbvio que não. Num primeiro momento, essa coisa de todo mundo ser inocente até que se prove o contrário é balela. É muito mais fácil presumir que o documento virtual não é válido, afinal de contas, eu supostamente vivo de dar golpes de falsificação, origem de toda a minha fortuna depositada nos paraísos fiscais do Caribe. Meu disfarce de jornalista morta-fome é só pra fugir das garras do fisco, evidente!

O que fazer?
Contratar um despachante?
Hum, sairia pelo menos duas vezes mais caro do que eu ir até lá pessoalmente resolver isso.

Passei um novo email, abrindo o meu coração e expondo a minha situação pra o funcionário de São José de Mipibu. Disse que me propunha a ir até lá. Mas que ele também ficasse à vontade pra me dar uma negativa em relação à proposta indecente que eu faria em seguida: propus que ele me desse o número de sua conta pra eu depositar o valor referente à autenticação do documento em cartório e posterior envio pra Recife.

Entenda, não era suborno, não propus nada além de um favor a uma estranha. Até porque eu acredito que só há gente corrupta por aí porque há outras gentes a corrompê-los (os corruptos). Eu não faço parte de qualquer uma destas cadeias. Coisas de educação, valores e moral. De gente besta. Pois tá. Eu sou, e daí?

Uma semana sem resposta. Achei que ele tinha ficado tão passado com a proposta que preferiu fingir que não recebeu o email.

Hoje pela manhã, recebi um telefonema dele. Ligando do celular dele. Pedi que desligasse pra que eu pudesse retornar (é o mínimo, né?)

Ele estava ligando apenas pra confirmar meu CEP, pois o Nada Consta já estava autenticado no cartório. Pedi o número da conta na qual deveria depositar o montante das depesas. Pra minha grata surpresa, ele disse que não seria necessário.

Entendeu? Ele me fez um favor. Sem sequer cobrar os montante pra autenticação e envio via Correios.

Olha, quando eu crescer, eu quero que pelo menos a metade dos organismos públicos brasileiros possam desfrutar desse tipo de profissional que é, no melhor sentido da palavra, um funcionário público. Ou seja: aquele que deve servir à população.

O nome dele? José Hilton Gurgel. Ele é Coordenador de Finanças da Prefeitura Municipal de São José de Mipibu. E me fez acreditar - com um gesto pequeno e grandioso - que o Brasil tem sim, conserto, juízo e, melhor de tudo, solidariedade.

Desejo a vocês que jamais precisem resolver problemas cartoriais. Se juntarem patrimônio, deixem testamentos, pois são mais baratos e simples. Mas se um dia precisarem, desejo que encontrem pelo menos um José Hilton Gurgel em suas vidas. 

Ele, definitivamente, fez a minha vida mais fácil. E mais feliz.

sexta-feira, abril 23, 2010

Saudades

Nao vou enganar, nao. Bom mesmo é nao trabalhar. Mal estou na segunda semana do novo emprego e bateu uma saudade do meu curto sabatico. Acordar sem obrigação é um luxo mesmo. Como dizia o sambista baiano Riachao: "o tal que inventou o trabalho, só pode ter uma cabeça oca. Para conceber tal ideia, que coisa louca. o trabalho dá trabalho demais...."

quinta-feira, abril 08, 2010

Projeto beleza adiado

Empregada, empregadissima.

Em vez da segunda-feira, começo amanha mesmo. Essa vida de jornalista é assim: uma desordem.

Cabelo e unha ficaram para sábado. Pior é que tinha combinado todo meu make up para esta sexta-feira. Tenho um casamento de família e serei a única representante dos familiares de REcife na cerimonia aqui no RJ. Enfim, com essa felicidade que tô agora, vou arrasar, mesmo com unha mal feita e o cabelo só no mousse. Nada que um corretor Clinique nao ajude a salvar, rs.

PS - Melhor que o emprego, foi a comemoração dele. Adeus ao sabático

Notícia boa (Também) corre rápido

Gosto de ver é assim. Mulherzinha 3.4 passa o seguinte TXT Message:

Tô empregada. Começo segunda

EVIDENTE que eu liguei em seguida. Mulher + jornalista + curiosa = pleonasmo³

Ela: Você não disse que eu arrumava emprego rápido?

É. Disse mesmo. Gente competente não se perde no mercado.

A nojenta ainda vai tirar a sexta-feira pra fazer unha e cabelo. Arrasou!

quarta-feira, abril 07, 2010

De novo

Meu vizinho estava certo!

Mal anoiteceu e já voltou a chover novamente, acompanhado de uma ventania forte de fazer fechar as janelas e varanda.

Que tenhamos uma noite tranquila

"Medo do medo que dá"

Um dia após a tragédia que já contabiliza 119 mortos, o Rio de Janeiro acordou com medo. Apesar do céu de (quase) brigadeiro que abriu hoje sobre a cidade, a todo instante olhamos para cima para checar se não está vindo uma tromba d'agua. Após quase 48 horas de chuvas, nos acostumamos a ouvir o barulho da água e as notícias trágicas e a ver o céu nublado e as cenas de alagamento pela tv.

- Dispensei minha secretária mais cedo. Ela mora em Santa Teresa (bairro onde um desmoronamento de terra provocou a morte de várias pessoas) e fiquei com medo da chuva que pode vir no final da tarde. Na segunda-feira, ela só conseguiu chegar em casa às 2h da madrugada, desabafava no elevador uma senhora ao sair do consultório médico.

- Tá sol assim, mas mais tarde deve chover, alertava (nada otimista) meu vizinho, ao cruzar comigo no corredor do prédio quando eu voltava de uma caminhada no calçadão.

- A senhora confirma a consulta ao médico hoje à tarde? Estamos ligando para todas as pacientes, me perguntou a secretária do ginecologista.

A chuva que começou no início da noite de segunda-feira nem de longe anunciava o tamanho da sua tragédia. A terça-feira foi um dia de contagem progressiva. Acordamos com 25 mortos e fechamos o dia com 95 vítimas fatais.

Depois de 36 horas de muita água, hoje sai de casa. A rua era uma lama só. Trabalhadores do serviço de limpeza tiravam com enxada, em um trabalho quase artesanal, os quilos de sujeira que se acumulavam por todo lado. Na rua, todos guardavam uma cumplicidade entre si, de termos compartilhado a mesma agonia/ansiedade/expectativa das últimas horas. Parecia que a chuva não ia acabar nunca.

Na orla de Ipanema e Leblon, dos 22 quiosques da praia, apenas 11 abriram hoje as portas até as 10h30. O mar continuava revolto, com ondas fortes. E o Jardim de Alah, canal por onde escoa a água da Lagoa Rodrigo de Freitas (cujo nível subiu de 0,5 metros para 1,4m) virou alvo de atenção dos moradores. Todos olhavam para ver o volume de água indo para o mar e o nível de água acumulada.

Agora é rezar aos céus: chuva, só garoa.

terça-feira, abril 06, 2010

Paciência

É engraçado como dizem que pessoas com mais idade são rabujentas. Ontem eu e Superpowerpuff Bicha tivemos uma loooonga conversa sobre o assunto. Eu, de minha parte, juro que me esforço diariamente pra não me tornar uma pessoa mais intolerante do que a idade tem me levado - invariavelmente - a ser.

Mas te confesso que eu também ando sem paciência pra
  • 1) gente que só reclama da vida; 
  • 2) gente que emporcalha as ruas; 
  • 3) gente sem educação; 
  • 4) volte ao número 1;
  • 5) gente falsa, ai como eu não aguento mais!; 
  • 6) gente preconceituosa (sobretudo os homofóbicos); 
  • 7) volte ao número 5. Morte a todas as monetes e gays falsos do mundo Socorro!; Heloo! What's the matter with you guys?!?!?!
  • 8) gente que é dona da verdade; 
  • 9) Galera sem noção. E olha que é uma classe que é feito Gremlin; jogou água, se prolifera;
  • 10) "Jornalistinhas de merda" (se não entendeu a piada falta leitura, ignorante! Vai ler Um Copo de Cólera!) que se acham mais importante que a notícia; ou que se acham notícia. Credo!
Pronto. 10 motivos pra rabujar. Tá vendo que a gente fica mais intolerante - e portanto, mais rabujento - à medida em que acumula idade? Eu até começo a entender aqueles que fazem Doutorado e prestam concurso público só pra não ter que, por exemplo, aguentar chefe mala (não, graças a Deus, não é o meu caso)

Vantagens? Como diria o poema de Adélia Prado "Já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu avô mil"

Conhece não? Adoro esse poema. Feito pra mulherzinhas assim feito eu: burrinhas e crédulas na vida. Inda bem que tem um monte delas por aí, fazendo com que esse mundão de meu Deus faça mais sentido.

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
– dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado

Respira mais uma vez...pronto. Ufa!

Mastologista hoje pela manhã. Não é CA de mama.
Aleluia!