Sexta-feira : Gente, o féladaputa do Delivery Guy me deu um bolo!
Tá fudido na minha mão. Não dou pra ele mais NUNCA!
Deu o bolo sim. E como eu havia dito, menstruei na sexta à tarde. Todo castigo pra corno, definitivamente, é pouco!
Liguei então na sexta à noite pro meu amigo Playboy e fui encontrar com ele no Biruta, à beira-mar.
Ele estava em companhia de dois americanos, alunos dele que iriam saltar de pára-quedas em Caruaru no sábado, quando haveria uma festa do Dia das Crianças promovida pelo pessoal do Gravidade (escola de Pára-quedismo, acessa lá o www.gravidade.com.br).
Apos cervejinhas e um passeio noturno pela cidade do Recife,a galera me convence de ir pra Caruaru também. Como eu tb havia enviado uns presentes para um evento do Dia das crianças lá, resolvi dar a conferida e fazer companhia pro Playboy, que iria sozinho.
Sábado : Dia das Crianças em Caruaru e o salto rumo ao infinito.
O dia inteiro foi um show. A moçada é super-animada (isso sem contar que ainda havia uns bofes interessante spara olhar...e como eles ficam sexy naquele macacão, heim? Noooooooossa, que delícia de colírio!!!).
Agora adivinha a parte Sessão-pé-de-pinto-espalha-bosta? Eu saltei de Pára-quedas!!!
Saltei. Saltei sim. E saltei à noite. E atracada num homem IMENSO. Foi um salto duplo.
Aí vocês devem estar se perguntando: "Caralho, que louca! E cumé qui foi isso?"
Deixo aqui o registro então.
Sinceramente, é muuuuuuuuito melhor que sexo!!!!!!!!!!!!!!!!
Gravidade: O Salto rumo ao infinito
Não sei ao certo ainda como definir o que leva alguém a saltar rumo ao infinito a 260 km/h em direção ao chão. Talvez seja uma sensação de intensidade que se aproxime o mais possível daquilo que a humanidade, tão vária e numerosa, chama apenas de “Liberdade”.
“Vai ter salto duplo? Então serão dois, porque outra pessoa vai saltar hoje pela primeira vez.” A outra pessoa que iria saltar no duplo noturno seria eu. “Como assim? Não, eu não vou saltar não”. “Vai, vai sim”, respondem em coro os pára-quedistas. “Seu primeiro salto. E noturno! É muita sorte!”.
A partir de então preparo-me para vencer o medo. Até então acredito que este salto inesperado rumo ao firmamento seja mais uma questão de vencer o medo e deixar-se ser levado pelo máximo de emoção que alguém pode deixar-se sentir do que necessariamente um desejo inconsciente de aproximar-se ao máximo do conceito de “morte” ou sua proximidade com o limite entre o real e o inesperado. Respiro calmamente e converso animadamente enquanto tento esquecer que dali a alguns minutos estarei também eu a 260 km por hora em queda livre rumo ao chão.
Repasso cinco ou seis vezes passo-a-passo cada instrução. Respiro calmamente e dirijo-me ao avião. Somos quatro pára-quedistas. A diferença, no caso em questão, é que serei eu a saltar também, rumo ao infinito. Decolagem. Olho atentamente a terra, cada vez mais distante, contemplo a cidade de Caruaru, que se afasta cada vez mais, vejo apenas luzinhas ao longe no que seriam casas, prédios, centros comerciais...não consigo sequer distinguir as luzes azuis de sinalização da pista do aeroclube.
O céu, entretanto, aproxima-se cada vez mais. A lua esplendorosa, o firmamento e suas estrelas, o vazio e a expectativa de lançar-me rumo ao nada. Cinco mil pés, seis mil e quinhentos pés, oito mil pés, nove mil...dez mil pés. “Pronto para lançamento de pára-quedistas”, comunica o piloto através do rádio.
O salto rumo ao infinito
A porta se abre. O barulho e o vento são assustadores “Bom salto”, diz o primeiro pára-quedista. E some pela porta. O segundo idem.
Aproximo-me da porta também. Estou devidamente atada ao instrutor. Vagarosamente nos aproximamos da porta, encaixo minhas pernas entre as suas, o vento bate em meu rosto e é muito mais forte do que eu imaginava...e é nesse exato instante - quando já não é possível voltar atrás – que imagino que todo mortal que saltou um dia pensa em voltar atrás e estar seguro em solo firme.
Mas não hoje. Hoje eu vou saltar. O instrutor solta seu corpo, ao qual estou indiscutivelmente atada, para trás. Damos duas cambalhotas no ar e posso ver a lua, as estrelas e os espaços vazios entre elas debaixo de meus pés. Ele adequa a queda e estamos então os dois na posição horizontal. Eu me comporto exatamente como ele havia me instruído. Estou com as mãos seguras no equipamento, minhas pernas por entre as suas até que ele me manda abrir os braços.
Estamos em queda livre então a 260 km/hora! E, indiscutivelmente, não há nada entre nós e o solo. O vento que passa por meu rosto mais parece carícia que agressão. A velocidade natural de nossos corpos flutuando rumo ao solo faz com que se abram braços e pernas, generosamente, para receber aquele espetáculo.
Não há mais medo. Não há mais expetativas. Há apenas aquela contemplação surpreendente, a beleza do inusitado, a intensidade do infinito naquele local onde não há sons, naqueles segundos em que nos tornamos pássaros, naqueles breves instantes em que finalmente, somos - de fato e indiscutivelmente - livres. A cidade transforma-se em pontos de luzes amarelas e brancas que se multiplicam por vales e planícies. Deixo-me apenas ser tomada por aquele misto de contemplação e deslumbramento.
O pára-quedas finalmente se abre e, com ele, o impacto de nossos corpos sendo parados por metros de tecido especialmente preparado e dobrado para nos garantir um pouso seguro. Eu tremo. Sem parar. Não se trata de nervosismo ou medo, mas de excitação. Tremo e solto, exasperada, um grito no silêncio, naquele silêncio do infinito. Até então, estive emudecida e perplexa.
O instrutor prepara-se para o pouso. Outros pára-quedistas correm para o bordo da pista de pouso. Lá do alto, posso ver então as luzes de sinalização do aeroclube. O pára-quedas faz uma curva acentuada à esquerda para que possamos pousar, aproximamo-nos do solo...pousamos. O pára-quedas cai por sobre nossas cabeças. Consigo distinguir, já sentada no chão e sem o pára-quedas sobre a minha cabeça, três ou quatro flashes e sequer consigo me mover.
Não consigo também eu distinguir aquilo que se passa dentro de mim. Ainda estou atada ao instrutor, que gentilmente me desata e me desprende de seu corpo, daquele corpo em cujas mãos eu havia entregue minha vida e, sem sombra de dúvidas, meus momentos mais intensos.
Estou em terra firme, longe do firmamento e de seu céu coroado de estrelas. Minhas pernas tremem, meu coração dispara, vertem lágrimas de meus olhos e não apenas um sorriso, mas vários deles, são generosamente distribuídos por uma boca que, há apenas alguns instantes, gritava na amplidão do infinito.
Meu corpo, ainda que trêmulo ou descontrolado, é só sorrisos. Eu sou, inteira e pela primeira vez na minha vida, só sorrisos. Eu sou plena. Eu fui pássaro perdido, também e pela primeira vez, naquele salto rumo ao infinito.
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Página inicial