Pra Me Enlouquecer É Mais Caro

República Anárquico-frevocrática fundada em 2002 por Rainha do Maracatu Roubada de Ouro, Senhor do teu Anel e Catirina Sem Mateus. Atualmente é administrada pela Mulherzinha 3.4 e a Rainha do Maracatu Roubada de Ouro. Afinal de contas, nunca perdemos a nossa majestade

terça-feira, outubro 08, 2002

O médico esquizofrênico sumiu
Para quem lê este blog nonsense deve conhecer as estorinhas do médico esquizofrênico (ex-namorado complicado...e atire a primeira pedra quem não teve um).
Para me certificar que o fulano sempre quis me enlouquecer, achei este textículo de quando eu tinha apenas 17 aninhos e nós tínhamos acabado o namoro. Foi a primeira vez que eu traía alguém (não, eu não tinha namorado, mas ele estava namorando alguém).
O texto abaixo foi o que rendeu da noitada da primeira vez em que eu beijei a boca de um homem comprometido. Eu gosto dele (do texto), então deixo aí para vcs tacarem pedras em mim, ok?
A Rainha do Maracatu Roubada de Ouro

Cheiro de Lua e Silêncio
...olhamo-nos através do vidro do ônibus. E mesmo através do vidro e de meus óculos escuros, enxergávamos nossos olhos de ressaca e paixão. Através do vidro e dos óculos escuros, sorrimos um sorriso de amantes. Indubitavelmente nada menos do que amantes se olhando através de um vidro de ônibus e um par de óculos escuros às 6:30h de um dia úmido e quente de fim de inverno.

Creio (e temo) que jamais esquecerei aquele olhar, mesmo que aquele dia venha a ser apenas mais um dia perdido em minha noção de tempo, ou espaço. Quis lhe perguntar se ele ainda lembrava do meu cheiro...que não chegou a se instalar em sua cama, mas que ainda era capaz de perturbá-lo ao nos aproximarmos.

A dor do êxtase de ser mulher jamais se refletiria com tal intensidade em outro sorriso; e em outro olhar por uma janela de ônibus e um par de óculos escuros como se deu naquele dia de paixão. Talvez eu já temesse amá-lo, ou talvez eu me amasse nele...Não!!! Sem dúvida alguma, eu o amava em mim, mas já não podia dizê-lo. Quando chegasse a hora (se é que chegaria), mandá-lo-ia embora (caso um dia ele chegasse a voltar). A dor do êxtase de ser mulher já não valeria a dor do amor. A dor de amá-lo (descobrira que ele seria, eternamente, parte, e não todo. E se não há um todo, como poder ser parte?)

(...)
Naquela noite eu não havia me bastado.Como quis me ter bastado! Uma noite na qual não soube se já cansava de esperar....ou de ter esperanças; até o momento sôfrego de um toque na campainha suficiente para que a adrenalina acarretasse aquela taquicardia associada ao prazer indelével de tê-lo em mim.
(...)

O ônibus partia e ainda nos fixávamos nos olhos de paixão e ressaca daquela noite em que eu não havia me bastado. O ônibus partia no momento em que ele se despedia de mim com um beijo que não me permitia saber se ele voltaria...ou não. Caso ele voltasse e eu me desprendesse do medo que me impedia de amá-lo, seria chegada a hora de mandá-lo embora, de deixá-lo partir.

Porque a dor do êxtase de ser mulher já não valeria a dor do amor...a dor de amá-lo.