Capítulo II – Da cidade e suas peculiaridades
De Brasília ao Zoológico
O Zôo de Brasília talvez seja uma das raras coisas da cidade que ainda têm um quê de espontâneo. O zôo existe antes da cidade, e – tal como os candangos que estavam aqui antes dela - ainda permanecem na memória da cidade que não existia. Era a única forma de recreação popular naquele tempo de terra batida e um paraíso a ser erguido. Continua a ser, ainda, uma das últimas formas de recreação popular. O restante do plano piloto prefere andar de jet ski no lago Paranoá, ir ao country club exibir os músculos definidos e comer a feijoada no Gilberto Salomão.
O povo não. O povo não costumava ir nem á feira da Torre. Claro, para subir à torre, a entrada é gratuita; mas... entrada para ver o quê? A Esplanada dos Ministérios de um lado e o Palácio do Buriti do outro? Lugares onde, raríssimas exceções, são sonhos de consumo para poucos – bravos ou insanos.
Das especulações
O zôo se desprende de tudo isso. Os bichos talvez sejam os poucos descompromissados com a realidade humana. Os hipopótamos podem ser lentos e preguiçosos e as araras podem rir estrondosas. Mas, Capitu? Capitu, não. Capitu caiu nas garras da mídia com sua singular estória. Um escândalo nacional: um triângulo amoroso.
Otelo amava Capitu, que amava Eliseu, que era amante da outra que tinha um filho com o primeiro que estava em dúvida se era o pai do macaquinho. Otelo era “casado” com Capitu, que era amante do “viúvo” Eliseu, que “talvez” fosse o pai do macaquinho. Tadeuzinho era “possível” filho de Otelo, “talvez” filho de Eliseu e, para falar a verdade, não dava a mínima para o que acontecia. A única coisa certa é que o macaquinho era “filho da mãe”, ou seja – de Capitu.
Do cientificismo da coisa
Para surpresa da comunidade científica, a raça à qual pertencia Capitu só nada em situações de extremo risco. Para encontrar o “amante”, ela se submetia a atravessar o lago que separa as ilhas em que vivem seu amante e a de sua família. Seis míseros metros de um lago de três metros de profundidade que levam ao êxtase.
O certo é que levarão o caso de Capitu para os congressos sobre primatas mundo afora.
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