Pra Me Enlouquecer É Mais Caro

República Anárquico-frevocrática fundada em 2002 por Rainha do Maracatu Roubada de Ouro, Senhor do teu Anel e Catirina Sem Mateus. Atualmente é administrada pela Mulherzinha 3.4 e a Rainha do Maracatu Roubada de Ouro. Afinal de contas, nunca perdemos a nossa majestade

quinta-feira, novembro 28, 2002

Jean Baptiste Poriel (JB) 1975 + 2002
Jean-Baptiste Poriel, mais conhecido como JB (lê-se "jibê").
Recebi essa triste notícia hoje pela manhã de Titi Jolie, amiga francesa que mora em Paris. Ele sofreu um acidente de carro e não resistiu.
Confesso que estou mais muxoxa do que passarinho molhado. Macambúzia mesmo. Aceito os planos divinos. Nem semrpe entretanto, sou obrigada a concordar com eles...

A última vez que vi JB foi ano passado em Paris, num jogo do Paris Sanit-Germain (PSG) contra o Brascia, cujo capitão à época era o Roberto Baggio.
Estávamos eu, Titi Jolie, Jerôme Nicot e JB. Lembro que eu e Titi achamos a área da torcida do PSG bem mais animada do que as cadeiras em que nos encontrávamos. Os meninos, entretanto, recusaram-se não só a nos acompanhar como deixar que nos dirigíssemos à arquibancada separada da torcida, formada basicamente por skinheads e figuras tão ou mais polêmicas do que isso.Lembro que a resposta que demos a eles foi:
Meninos, nós já encaramos vários Galos da Madrugada. Se a gente encara um bloco carnavalesco com mais de um milhão de foliões, quem dirá a torcida do PSG!
Em respeito a eles, entretanto, não fomos.
No último ano quando cheguei em Paris, JB tinha acabado de voltar do Marrocos, por onde ele havia passado 30 dias de férias e estava completamente encantado. Ele era nosso companheiro de passeios de bicicleta na Île de la Chatou, onde os impressionistas como Monet, Gauguin e Renoir iam apreciar as paisagens e pintar.
JB era companheiro de farra tb. Em 2000 saíamos juntos quase sempre pelas noites de Paris, bebendo cerveja nos barbecues de Jerôme, tomando vinho na Passage Bradis comendo comida indiana ou simplesmente experimentando uma boa e velha garrafa de absinto safra 69 que estava bem guarada na casa de Titi Jolie.
Ele era silencioso e sedutor. Fumava sempre o melhor skank que vc poderia conseguir em Paris. Adorava cinema, estar com os amigos e viajar.
Sua risada era rara e, entretanto, espontaneamente aconchegante.
Foi ele quem me apresentou a Jerôme Calmay, o antológico cowboy que beijei na boca nessa minha passagem por Paris em 2000. No ano passado, entretanto, só consegui vê-lo duas vezes no último agosto. (Pois é, quem não tem bombeiro ataca de cowboy. E em Paris! E depois dizem que eu sou preconceituosa. Sou nada. Sou chegada mesmo é num bom cafuçu, independente da versão. Parisiense, baiano ou pernambucano, eu recomendo!).
Conheci JB assim: num reles acordar. Lembro que no dia 01 de agosto de 2000, quando cheguei em Paris após cinco anos que não punha os pés lá, dei um cochilo no sofá de Titi e quando acordei, deparei com ele sentado no outro sofá. Num francês macarrônico mais causado pelo cansaço de 16 horas de viagen entre Recife, Sampa e Paris, lembro-me dele ter me dito "Donc, c'est toi la fameuse brésiliénne?" (Então, é vc a famosa brasileira?). Em resposta eu disse. "Oui. Je crois"(Sim. Acredito que sim).
Num belo passeio de bicicleta - devidamente documentado - ele e Titi resolveram fazer guerra de água numa fontaine e eu fiquei lá sentada e extasiada olhando aquelas figuras brincarem como duas crianças. Afinal de contas, também não sou eu mulher que adora revisitar a menina que fui um dia e construir castelos de areia?
JB, meu querido, onde quer que vc esteja, saiba que meu pensamento e meu coração estarão sempre com vc.

E como diria Serge Gainsbourg:
"Je suis venu te dire que je m'en vais
Et tes larmes ne pourront rien changer"


(Vim te dizer que estou te partida
E que tuas lágrimas nada poderão mudar)