Mas a vida é sempre assim? Uma breve despedida?
Não sei ao certo.
Decerto um dia desses a gente se cruza por aí, ou por ali e sonha um monte de coisas de novo.
Quem sabe ele não pega o violão e entoa uma canção do Chico (Buarque), quem sabe ele não solta um daqueles sorrisos amplos e generosos e nos sorri com olhos de ressaca, daqueles oblíqüos e dissimulados.
Quem sabe então ele não diz que era pra ter sido assim mesmo?
Quem sabe?
Desta vez foi Loro. Loro Bobo. Lourinaldo Luizines. O dono do mais belo par de olhos que esta cidade já testemunhou. Olhos verdes emoldurados por um belo sorriso, mãos de longos dedos que dedilhavam cordas e faziam contas de mesa de bar, onde ele optava - raramente - por cerveja gelada.

Mas ele era doidinho pela vida. Apaixonado mesmo. Por trilha, caiaque, rappel e aventura. Por natureza, sol, mar e a vida celebrada das mais diversas formas.

Infelizmente, entretanto, Loro teve um acidente de rappel este final de semana.

É isso. Vou agora ao Cemitério do Parque das Flores dar o meu último adeus. Ironicamente, é o mesmo local onde repousam os restos da minha mãe, de meu amigo Gordinho, de uma pá de pessoas queridas que já foram mais cedo.

Pra Loro, deixo só o meu mais sincero desejo de boa jornada. Vá em paz meu amigo. E que tua família fique bem...

Em tempo: Está chovendo no momento em que escrevo isso. Chove lá fora. E chove no meu coração também. Sempre o meu coração vagabundo e tardio...