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Trupe do Barulho chora morte de Rygaard
Foi enterrado ontem corpo do ator que ajudou a popularizar o humor escrachado na cena pernambucana
Luciana Veras
Da equipe do DIARIO
Às 11h05, quando o cortejo fúnebre do ator Edilson Rygaard, falecido anteontem no Recife em decorrência de uma infecção pulmonar, saiu do teatro do Parque rumo ao cemitério Parque das Flores, três pessoas se aproximaram do vigilante do teatro e perguntaram se o velório ainda acontecia. Diante da negativa, indagaram para quem havia sido dada a salva de palmas que acompanhou a retirada do caixão do palco. Ao saberem que se tratava do Príncipe de Cinderela, a História que Sua Mãe Não Contou, entreolharam-se e lamentaram, como se não acreditassem na notícia.
Como esses três anônimos que perceberam comoção no aglomerado na saída do Parque, havia vários. Gente que não conhecia Rygaard a não ser de suas estripulias na ribalta, porém que resolveu, de alguma maneira, prestar uma homenagem ao ator morto aos 39 anos. "Vi Cinderela duas vezes, gostava mais dele do que dos outros. Fazia tanta graça que dava vontade de cair no chão", disse a estudante Carmem Fernandes, que viera de Jaboatão ao ouvir no rádio a notícia dofalecimento de um dos fundadores da Trupe do Barulho.
Dentro do teatro, cerca de 100 pessoas viram o momento em que um "palhacinho" do Detran, um dos 58 profissionais coordenados por Rygaard e Roberto Vasconcelos na campanha de conscientização do trânsito de Recife, Arcoverde e Caruaru, puxou, emocionado, os aplausos. "Ele era um ser humano incrível e maravilhoso, sempre de bom humor e feliz, além de um profissionalismo exemplar", destacou Norma Maciel, uma das "palhacinhas" do Detran, que trabalhava sob a orientação do ator desde fevereiro de 2001.
A dedicação ao serviço também foi ressaltada por Vanda Phaelante, dramaturga pernambucana que dirigiu Edilson Rygaard em O Papa-Donzela, espetáculo encenado em 1998. "Era um profissional responsável, absolutamente dedicado ao personagem. Como amigo, era carinhoso e gentil e de um respeito extremo. Para o público, fica a gargalhada que ele provocou em milhares de pessoas de diversas camadas sociais como o Biu e o Príncipe de Cinderela. Junto com a gargalhada, aalegria perdida", comentou Vanda, que considera Rygaard "alguém insubstituível".
Seu marido Renato Phaelante, parceiro de cena de Edilson em O Papa-Donzela, apontou a versatilidade dele com um de seus maiores trunfos: "Era um ator de capacidede incrível de humor, de fazer rir, que saía pelos poros. Ele respirava e transpirava humor e assim marcou a comédia atual pernambucana. Muitas vezes, fazia a gente que dividia o palco com ele sair de cena por causa dos risos". Outro mérito, na opinião de Renato, foi a contribuição para a "diminuição do preconceito contra o humor que ele fazia".
INTERTÍTULO - Para Walmir Chagas, o Véio Mangaba, deve-se festejar o escracho que Rygaard e a Trupe do Barulho levaram ao teatro e ao público pernambucanos, derrubando barreiras contra essa linha de humor. "Tem gente que compara arte com besteirol, mas o importante é fazer rir, seja lá com o que for, e Rygaard tinha essa capacidade", salientou. "Nunca trabalhei com ele diretamente, mas ele era um comediante, um palhaço, e eu também sou um, então foi como se alguém da minha tribo tivesse morrido. Como todos os palhaços, mostrava o ridículo da própria sociedade".
Fundador da Trupe do Barulho e amigo de Rygaard desde 1984, quando se conheceram no curso de teatro no Centro de Arte e Cultura da Funeso, Jeison Wallace admitiu que o falecimento surpreendeu a todos. "Ele estava doentinho, mas eu tinha certeza de que ia melhorar. Na quinta-feira, por exemplo, visitei-o, ele não podia falar porque estava entubado, mas respondia, balançou a cabeça, apertou minha mão, fez o gesto de legal. Era um grande amigo, um irmão, que tinha feito conosco toda a temporada de Ô Mulé, Dá uma Pena 2 no Arteplex", testemunhou.
"Levei até um texto para ele ler no hospital e mandei ele logo ir decorando", lembrou Beto Costa, a Fada Madrinha de Cinderela, amigo de Rygaard. "Quem iria imaginar que uma pneumonia ia levá-lo embora? Acho que Edilson era um exemplo de vida, um bom ator além de bom comediante, que desempenhava com a mesma emoção ímpar o Príncipe de Cinderela ou o jumento de Saltimbancos", completou.
Com a morte de Edilson Rygaard, abre-se uma lacuna no elenco de Ô Mulé, Dá uma Pena 2, em cartaz de sexta a domingo no teatro Valdemar de Oliveira. Entre os personagens que ele interpretava no espetáculo estão um repentista escrachado, ao lado de Jeison, o Príncipe e outros tipos em esquetes que satirizavam os acontecimentos nacionais. "Ainda não sabemos como vamos continuar", afirmou Wallace ontem.
1 Comentários:
Sem dúvidas Edilson faz uma falta é uma dor que não tem cura e o riso é o que faz aliviar tamanha dor
QUe Deus esteja semprecom ele
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