Pra Me Enlouquecer É Mais Caro

República Anárquico-frevocrática fundada em 2002 por Rainha do Maracatu Roubada de Ouro, Senhor do teu Anel e Catirina Sem Mateus. Atualmente é administrada pela Mulherzinha 3.4 e a Rainha do Maracatu Roubada de Ouro. Afinal de contas, nunca perdemos a nossa majestade

terça-feira, setembro 28, 2010

IBGE, diz que me ama!

Mais um censo no qual eu não fui ouvida. Desta vez eu até me animei quando li reportagens que diziam que as casas iriam ser visitadas aos finais de semana justamente porque o perfil dos brasileirinhos tinha mudado: cada vez menos pessoas em casa e sim no trabalho.
Ledo engano. Até agora o IBGE diz que já entrevistou 80% da população e eu não estou na conta. Não que ser entrevistada pelo IBGE seja a minha máxima tara de consumo nessa vida, mas caso você aí não saiba, é justamente o Censo do IBGE que define políticas públicas para a nação.
E eu com isso? Eu tenho tudo a ver com isso. Tenho 34 anos, sou jornalista, solteira, moramos só eu e dois cães e minha renda não dá pra comprar uma casa própria justamente porque resolvi ser jornalista.  Não sou de Recife, o que me inclui no rol dos ‘migrantes’, meu irmão mora na China, meu pai no Rio Grande do Norte e minha mãe é falecida.
Achou pouco? Tenho Internet Wireless e consumo TV a cabo e plano de saúde privado, mas moro numa casa de 1939 em Santo Amaro (alugada) que só tem um banheiro, apesar de ter um quintal e um jardim de inverno maravilhosos (meu jardim de inverno tem chuveirón, tá? Desculpaê!). Não tive filhos (ainda).
Optei por não dirigir, portanto não tenho carro e faço tudo o que posso a pé, quando não de ônibus ou táxi e acho o serviço de transporte público (já que moro no centro), uma beleza! Nada a reclamar, sério. Bebo água mineral, não compro leite, não tenho opinião formada sobre alimentos transgênicos e não faço compras em hipermercados que de ‘Bom Preço’ só tem o nome ou slogan.
Quando faço reuniões caseiras, prefiro comprar cervejas de garrafa do que em lata, prefiro carne branca a vermelha, exercícios ao ar livre e acho o Parque 13 de Maio a área verde mais bela da cidade, porém mal-tratada. Prefiro ir ao Bairro de São José do que a um shopping asséptico qualquer, tenho horror a gente arrogante e/ ou dissimulada (não que isso seja relevante para o IBGE, mas pra mim faz toda a diferença do mundo).
Vamos convir que sou uma pessoa fora das estatísticas oficiais. Queria muito que alguém me ouvisse e soubesse que há nesse mundão perdido Brasil afora gente que vive fora dos parâmetros. De qualquer um deles. E seria muito bom pensar que seríamos ouvidos todos e lembrados de vez em quando não só como gente que paga as contas da nação, mas que tenta fazer dela um lugar melhor pra viver. Então, IBGE, please say you love me!