Pra Me Enlouquecer É Mais Caro

República Anárquico-frevocrática fundada em 2002 por Rainha do Maracatu Roubada de Ouro, Senhor do teu Anel e Catirina Sem Mateus. Atualmente é administrada pela Mulherzinha 3.4 e a Rainha do Maracatu Roubada de Ouro. Afinal de contas, nunca perdemos a nossa majestade

segunda-feira, setembro 21, 2009

É nóis na fita!

A estorieta dos penetras do aniversário da Mulherzinha 3.4 (publicada aqui na semana passada) terminou por inspirar a coluna Sexo@Cidade - do Jornal do Commercio (PE) - deste domingo. Viu como minha amiga é chique no último? Atenção ao detalhe: dispense os recém-separados, viu? Os grifos são por nossa conta
 

Ode aos penetras do mundo
Publicado em 20.09.2009

Lembra do tempo em que a gente fazia o máximo possível para evitar a entrada de penetras nas festas? Pois este paradigma está prestes a ruir, se é que já não despencou ladeira abaixo. A questão é que estamos cada vez mais nos encerrando em círculos restritos, e isso termina por nos confinar numa espécie de campo de concentração de amigos maravilhosos, mas imprestáveis para outro uso que não a amizade desinteressada. Frequentar a noite em busca de parceiros? Nem pensar. O custo não compensa o benefício. Mal comparando, é como se, de repente, a gente passasse a acreditar que vai encontrar um príncipe encantado no zoológico. Do lado de lá das barras, não do lado de cá. A fauna que anda solta por aí não está para brincadeira. Tem desde a hiena sorridente que acredita que a vida está aí para ser vivida – e o dia de amanhã não existe – ao hipopótamo rabugento que não vê a hora de agarrar a sua fêmea e voltar para a poça-matrimônio de onde nunca deveria ter saído. E a gente ainda tá pagando entrada e consumação.
O resultado é que, sem perceber, começamos a abandonar cada vez mais os insalubres espaços públicos e a nos confinar nos saudáveis espaços privados: nossas casas ou as casas de amigos, sempre habitadas pelos amigos casados, pelos amigos solteiros, mas já testados e reprovados no quesito “formar um casal”, ou seja, o popular “não vale a pena ver de novo, pelos amigos que compartilham a mesma preferência sexual que nós, ou seja, os concorrentes. Para resumir, estamos sempre festejando e socializando com a turminha do zero a zero.
Por isso, como uma brisa fresca da manhã num ambiente cheio de ácaros, o bom penetra passa a ser um objeto de desejo, e não mais aquele estorvo que simbolizava em festas passadas. Eles passam a representar a possibilidade de um encontro com alguém de fora do círculo vicioso, e o que é melhor: com avalista e sem aquela pressão toda que costuma rolar nas noites e nos encontros pré-agendados. Eles simplesmente caem na nossa sala em algum momento entre a segunda cerveja e o almoço estar servido.
Não vai demorar muito para que, em vez de criar estratagemas para barrá-los (senhas, carimbos, lista na porta, r.s.v.p.) passemos a bolar estratégias para atraí-los. Eu tenho várias idéias. Uma delas é formar uma espécie de corrente arrasta-penetra. O primeiro anfitrião dá o pontapé inicial espalhando a seguinte mensagem para a sua teia de amigos: “traga um penetra e ganhe dois quando chegar a sua vez de dar a festa. Esta corrente não pode ser quebrada sob pena de que, quem o fizer, vai passar os próximos cinco anos sem o direito de receber sequer um penetra no portão”.
Matematicamente falando, é possível prever que, na 50ª festa promovida, alguém poderá contar com nada menos que 100 penetras de uma só vez. É capaz de, dependendo da capacidade do espaço, ser possível até dispensar os verdadeiros amigos.
O penetra, para quem ainda não entendeu o espírito da coisa, é aquele amigo-do-amigo que não tinha melhor programa para o dia e resolveu apostar na festa da amiga-do-amigo que ele não conhece, nunca ouviu falar. Os penetras são encantadores na sua timidez, típica de quem está não sabe onde e nem com quem. Mas, aos poucos, eles vão se soltando. Confie nisso.
Casamentos recém-desfeitos são, comprovadamente, os maiores emissores de penetras por metro quadrado. Coisa perfeitamente compreensível, uma vez que os coitados estão ainda meio como passarinho que caiu do ninho. Evite, no entanto, os muito recém-separados. À medida que a bebida entra, é provável que uma cascata de lágrimas, impropérios contra o sexo feminino e desastradas abordagens sexuais – não necessariamente nesta ordem – aconteçam. Prefira os penetras com mais bagagem como recém-separados. Uma semana já dá pra começar. Penetra bom é aquele que não tem semancol: chegou sem uma latinha na mão, tomou todas, fez amizade geral, ficou para o jantar, para o café da manhã e ainda propôs: vamos dar um mergulho no mar?"