Alguém pára pra ouvir crianças em situação de rua?!?!?!
22h. Encosta à nossa mesa um molecote pedindo dinheiro. Playboy começa a engatar uma conversa com o menino e descobre que, do alto de seus oito aninhos, ele está fora da escola não sabe ler ou escrever. Em compensação, diz o menino, sabe confeccionar bolsas de fuxico e tapetes artesanais. Playboy começa a doutrinar o menino pra ele ter vontade de ir à escola etc e tal. No meio da argumentação, eu e Púshkin não pudemos deixar de rir com o seguinte argumento:
Playboy: Você faz bolsa, não faz?
Menino: É.
Playboy: Se você for à escola, os outros é que vão fazer bolsa pra você
Isso é que eu chamos de “Didática de Salim”
O menino era leeeeendo de morrer, dava vontade de colocar debaixo da asa e levar embora. Depois, chegam mais dois amiguinhos dele e, quando me dou conta, estamos sentados eu, Playboy e Púshkin engatando animada conversa com os três meninos que, por sinal, estão fora da escola.
O teor da conversa: O “ABC", como contar de “1 a 500” e “por que não devemos jogar lixo no chão". Quem acertasse, ganhava uma coca-cola.
Tudo bem, nenhum deles acertou, mas demos as cocas assim mesmo e ainda os alimentamos com batatas fritas e filezinho acebolado.
Comentário extra : os meninos eram muito generosos, sempre dividindo a coca, a comida e tudo mais. Uns fofos. Pena que estão assim, soltos nas ruas do Recife à noite tentando ganhar um extra pra levar pra casa. A convivência deles com a violência tb é triste. Em menos de uma hora de conversa ouvimos duas ou três estórias sobre assassinato, duas de estupro, três de roubo com tiroteio e uma de prostitutas que colocam “rupinol” na bebida dos marujos pra roubá-los (ainda que não soubesse nos explicar o que era “Rupinol”). Quanto a estes três meninos (que têm entre 8 e 9 anos), por ora, estão convencidos que “roubar é feio”.
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