Dias de Chuva...
Na semana em que a minha mãe morreu ela me disse que gostaria de ter sido igual a mim. Foi o diálogo mais surreal que eu travei com ela, até porque ela era a criatura mais fina, delicada e doce que eu já havia conhecido e apenas a ela, a um amigo meu e a um tio queridíssimo eu uso como exemplos para exemplificar a palavra "abnegação". O diálogo foi o seguinte:
Eu: Como assim!?!?! Vc tem câncer, mas não é louca! Queria ter sido igual a mim? Eu bebo, fumo e gosto de carvaval!
Minha mãe: Não, vc não entendeu. Gostaria de ter tido a metade da sua capacidade de entender as pessoas, de compreender os motivos pelos quais elas lhe fazem mal e, acima de tudo, não ter raiva delas e amá-las assim mesmo.
O pior é que é verdade. Mas ontem meu coração foi alfinetado. Em pequenas e venenosas doses como pocas vezes nesta vida foi. Tô me sentindo passarinho molhado sob a chuva à procura de abrigo. Meu coração está do tamanho de uma castanha. Eu quero saber onde fica, na verdade, o "oco do mundo". É pra lá que eu gostaria de ir hoje...
Queria, correr, saltar de pára-quedas, colocar a cabeça dentro de uma bacia repleta de água gelada e gritar bem alto...
Fazer o quê se essa minha solidão, esse meu desconforto, essa sensação de vazio não me abandona jamais.
vai passar. Eu sei que vai. Mas nas príxmas 24h eu sou o lixo do mundo, sinto a dor provocada pela escória da raça, carrego a mágoa derramada das lágrimas que recheiam um oceano inteiro.
Desculpem o baixo astral. Mas nem só de arco-íris eu vivo. Não as 24h dos 365 dias do ano. ás vezes, apenas às vezes, a gente tem que se deixar ser fraca...
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