Pra Me Enlouquecer É Mais Caro

República Anárquico-frevocrática fundada em 2002 por Rainha do Maracatu Roubada de Ouro, Senhor do teu Anel e Catirina Sem Mateus. Atualmente é administrada pela Mulherzinha 3.4 e a Rainha do Maracatu Roubada de Ouro. Afinal de contas, nunca perdemos a nossa majestade

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Cada paralelepípedo...

...desta cidade essa noite vai se arrepiar....

Será?

Mais uma ida à Tim. Não conseguimos transferir a conta. Cancelei a linha. Foi triste. Sim, ele recebeu a carta. Mais uma vez tenho essa sensação de icompreensão. Não adianta, sabia? Simplesmente não adianta. Eu penso, penso, penso e não entendo. Chorei um monte. Pura frustração. Ou qualquer coisa que o valha. Se é que vale alguma coisa ainda. Ou se é que valeu um dia.

Eu simplesmente não consigo compreender a distância entre intenção e gesto. Queria que passasse assim que soprasse, queria que não doesse nunca mais. E o 'Adeus' faz parte do processo.E a verdade é que meu coração ficou dilacerado. Mais uma vez. Mas passa.

Bom, taí a carta


Na verdade essa carta é uma reposta aos e-mails que vc me passou no dia 11 de janeiro - antevéspera do show de Amy Winehouse (eu, ensandecida). Só consegui ter calma pra escrever na semana passada e prefereria ter entregue isso pessoalmente. Sobretudo porque não quero que vc entenda isso como uma retaliação ou algo do gënero.

Infelizmente eu estava contando que fôssemos nos ver hoje pra resolver o babado da TIM, me preparei pra isso. Imprimi a sua carta e a minha pra te entregar. Diante do imprevisto, meu coração me sugere que eu termine o que comecei. Neste caso, dialogar com você.

Então, seguem abaixo as minhas impressões e os efeitos daquelas conversas.

Mauritzstadt, Dias de janeiro, Calor demais, 2011.

Pensei muito sobre tudo o que vc me disse na semana passada. Pensei até a ponta dos meus cachos doerem e acho que não foi justo. Não foi justo o momento, não foi justa a forma. Na verdade, nada foi justo comigo. Pelo menos da sua parte. É que eu tô cansada de ser essa mulher-maravilha, essa  mulher-inesquecível, essa pessoa-indispensável. No fundo, no fundo, eu não passo de uma pessoa legal que acorda a cada dia tentando ser uma pessoa melhor do que na véspera. E isso não é fácil.

E eu não estou aqui me despindo pelo avesso pra dizer que eu sou a pessoa mais legal do mundo ou que não tenho os meus defeitos. Mas é que eu sempre tive certeza de que entre os meus defeitos e as minhas soluções, as qualidades sempre se sobrepuseram aos primeiros. E por isso acho que não mereci.

Pensei sobre o fato de vc insistir que quer ser um homem melhor e – por isso – desejar a minha amizade. Mas a triste realidade é que eu não acredito nisso. Não acredito em você. Meu coraçãozinho de poeta burro que só a porra já deu muita cabeçada na parede e outras chances a você. Desculpa, mas não vale a pena. Eu não tenho motivos pra acreditar nisso, em você, ou nas suas intenções.

Não é só comigo. É a forma com a qual vc encara a vida e descarta pessoas. E mentiu. Eu estive lá durante sete anos. Eu vi. Ninguém me contou. E nossos valores e princípios divergiram de tal forma que é impossível fingir que eu ainda possa ter algum tipo de respeito por você. Não espere de mim a minha mágoa, porque eu não sou assim. Nunca a darei (a minha mágoa) a você ou a qualquer pessoa porque simplesmente não vale a pena e não faz parte da minha natureza. Mas exigir de mim a minha gratidão vai além do eu posso dar. Mais uma vez, é querer demais. E de mim? Quem cuida?

Eu já fui sua amiga leal. Já fui sua amante desencanada. Já fui sua namorada, sua parceira, sua ex, de novo sua amante, depois mais uma vez namorada, mais uma vez parceira e fui até sua noiva. E mesmo nos meus momentos frágeis e difíceis perante as lutas da vida eu nunca virei as costas pra você, por mais problemas que eu tivesse e não posso me esquecer da sua escolha: quando eu precisei, você simplesmente partiu. E eu preciso me proteger.

Eu também fui uma ex legal. Aquela que não enche o saco, que entende o outro, que não pede pro cara ficar, que não pede pro cara voltar, que não liga, que até recomenda que ele faça terapia ou procure ajuda espiritual pra ser um cara mais feliz e não vacilar de novo, que se dispõe a encontros em Shopping Center ou que transfere o endereço da conta em confiança apenas pra ajudá-lo, que não lhe dá motivos de vergonha. Mas isso nada mais é do que a minha natureza. Mas com aqueles e-mails, aqueles textos, você abusa da minha natureza. Entenda: você optou por sair da minha vida. E nunca se esforçou verdadeiramente pra me inserir nela ou pra me reconquistar. O que você quer que eu pense?

E torno a dizer que é muito triste ter convivido com vc todos estes anos e não reconhecê-lo, mas no fundo, isso não vem ao caso. A impressão que me dá é que você nunca me amou. Na verdade, você – mesmo antes de mim – só amou a si mesmo. E saltou de relação em relação como melhor lhe conviesse. Em algum momento, as pessoas se desencontram e você simplesmente não sabe como lidar com pessoas, quem dirá com as situações. Não acredito que pessoas tenham que estar juntas, mas em se estando, há de ser ter lealdade e, me entenda, lealdade é mais do que a mera idiotice de não procurar outras bocas na rua pra se perder (procurando encontrar sei lá o quê).

E pra que fique claro, já que vc me questionou certa vez: eu nunca as procurei. E mesmo que tenha achado pessoas incríveis com quem eu poderia  partilhar milhares de coisas que jamais pude dividir com vc pela nossa diferença de idade, de experiências... eu optei por ficar. Nos piores momentos.  Na verdade em todos eles. Por que eu o amava. Simples assim. E sempre quando você não está na minha vida (antes de você ou quando vc sai dela), eu fico melhor. É matemática (mais uma vez).

Tudo isso pra te dizer que,1) obrigada por me considerar uma pessoa bacana. Mas eu acho que eu faço por merecer. 2)Mas declinarei gentilmente do seu convite de amizade. E também porque eu quero mais, preciso de muito mais. Quero (e mereço) ser feliz. Eu batalho por isso. E distribuo isso. De graça e sem esperar qualquer coisa em troca. Tem funcionado até aqui. Eu sou muito amada. E valorizada. A gente só recebe do mundo de volta...o que dá pra ele.

Tudo isso também pra te dizer que não posso mais interferir em seus assuntos profissionais. Por mais que você tenha confiança em mim, não é justo o que você me pede. Peça às pessoas de suas relações: familiares, afetivas e fraternais. Sei que você já seguiu com a sua vida. E por quê ainda me quer nela? Não há lógica nesse desejo.

E não há motivos pra gente ficar trocando e-mails se eu desacredito em você (por mais que eu quisesse muito ter ouvido isso durante todos estes anos ou acreditar nisso agora). Mas é porque eu também acho que, no fundo, você escreveu tudo aquilo pra você mesmo, para que vc pudesse se sentir melhor e dar continuidade à sua vida afetiva, mas entenda: eu não tenho nada a ver com isso, com a sua vida afetiva, ou com você.

Eu parei de escrever cartas há sete anos. Parei porque você nunca me respondia e eu falava para o vento. E isso me doeu muito. Escrever cartas faziam de mim uma pessoa mais completa, mais feliz. Mas eu parei de escrever assim mesmo porque entendi que aquilo era o que você poderia me dar. E não era pouco, era apenas o que você tinha pra me dar. E eu dei tudo o que tinha em troca. E não enxergo qualquer lógica em voltar a escrever cartas pra você agora.

Por mais que o meu coraçãozinho burro da porra achasse tudo normal (mais uma vez), não há espaço pra isso, você não deu margem de manobra pra isso. Não vai dar. Coloque-me no seu lugar. Se fosse com você e uma outra mulher qualquer que tivesse lhe feito isso, você teria dito o quê a respeito dela? E se ela pedisse sua ajuda e o quisesse em sua vida? Não romperia laços, ligações?

E, como sempre, não vou saber mentir pra você. Me dói pra burro escrever isso aqui. Já chorei, já parei, e até já me perguntei se estava sendo dura. Acho que não. Porque acho que com aqueles e-mails você me deu abertura pra dizer o que penso, o que sinto e como meu coração ficou dilacerado nos últimos anos a seu lado. E se você em algum momento me respeitou e me acha de fato essa mulher tão especial, se despeça dela e de mim, honre as suas escolhas e encare o seu futuro. Não fizemos um filho, não há motivos para uma ligação afetiva, uma ‘aturação’ compulsória. E isso deveria ser bom, não é?

Fica com Papai do Céu