Pra Me Enlouquecer É Mais Caro

República Anárquico-frevocrática fundada em 2002 por Rainha do Maracatu Roubada de Ouro, Senhor do teu Anel e Catirina Sem Mateus. Atualmente é administrada pela Mulherzinha 3.4 e a Rainha do Maracatu Roubada de Ouro. Afinal de contas, nunca perdemos a nossa majestade

quarta-feira, outubro 21, 2009

Nada. E tudo ao mesmo tempo. Eu. E as minhas conquistas

Nem afeto. Sequer desafeto. Não sentiu coisa alguma quando o viu. Talvez tivessem se mirado na boca ao se cumprimentarem num ato quase que falho. Aquele beijo que, em épocas idas, naturalmente teria sido nos lábios, àquela mesma época quando ainda se chamavam um ao outro de 'amor'. Ele a olhou de soslaio, checando suas curvas, imaginando - talvez - o que haveria por debaixo das saias compridas do vestido. Tênis de corrida. Legging de ginástica. Outra mulher. Definitivamente.

Não aquela que ele esperava. Ainda de fala mansa, mas definitivamente melhor. Mais feliz. Aquela que chegou à (triste?) conclusão que sempre esteve melhor sem ele a seu lado. Aquela que chegou à (triste?) conclusão de que a relação entre eles havia acabado há muito tempo, e não apenas no dia em que ele a abandonou. Abandono. Como uma simples nau à deriva.

No final das contas, todo este processo fez dela uma mulher mais forte, mais feliz. Proporcionou a ela experiências que não havia se permitido viver anteriormente. Quais? Coisas simples, mas difíceis ao mesmo tempo:

Pedir ajuda, profissional inclusive;
Dizer o quanto dói, colocar de lado as armas e reconhecer seus próprios fracassos, mas aprender o suficiente para reconhecer suas omissões em relação a si mesma, tentar rejustar o rumo da vida e não desistir jamais;
Ser filha de seu pai, algo olvidado desde que era uma menina que ganhou uma boneca ao conquistar uma nota 10 em uma prova de matemática;
Se deixar ser amada e cuidada pelos verdadeiros amigos, aqueles que fazem com que a nossa vida faça mais sentido, aqueles que são a nossa verdadeira família escolhida, espiritual e afetiva;
Parar de se culpar e tentar praticar algo que não faz parte de sua natureza: mágoa, raiva talvez, mas ainda assim uma tímida tentativa de reconhecer no próximo alguém que - sim - é capaz machucar o próximo e descartá-lo tal qual um brinquedo quebrado. E reconhecer que isso é - no mínimo - um sinal de egoísmo e imaturidade.
Excluir objetos - e também pessoas - da sua vida. Porque descobriu que aquilo ou quem a não faz bem merece, sim, seu silêncio e indiferença;

E chegou à conclusão que simplemente - não doía mais. E parou de se questionar. E decidiu seguir a vida. Esperando a próxima manhã de carnaval, os próximos desafios, os próximos amigos, os próximos amores. A próxima vida. Lutando. Sempre.