Pra Me Enlouquecer É Mais Caro

República Anárquico-frevocrática fundada em 2002 por Rainha do Maracatu Roubada de Ouro, Senhor do teu Anel e Catirina Sem Mateus. Atualmente é administrada pela Mulherzinha 3.4 e a Rainha do Maracatu Roubada de Ouro. Afinal de contas, nunca perdemos a nossa majestade

terça-feira, maio 04, 2004

Os motivos pelos quais eu sou uma boboca pastel
Porém me orgulho disso, que fique bem claro!

Perdi dois documentos importantes: RG e carteira trabalhista. O problema é que pra fazer a transferência do meu título (cujo original eu não perdi) eu precisava da original do RG.

O que é necessário pra fazer segunda via do RG: 2 fotos 3X4, oito reais e um quebradinho e se dirigir a uma unidade do Expresso Cidadão. Até aí tudo bem, até que um dos meus chefitchos soube da minha "precisão", por acaso, e se ofereceu para me ajudar. Enviou até a minha sala outro colega de trabalho extremamente influente na Polícia Civil que me deu um cartão no qual solicitava que o diretor do Instituto Tavares Buril (centro de identificação da PC) me atendesse e me estendesse o "tapete vermelho" (juro que estava assim no cartão). Ah. e que me desse a identidade na hora! (leva de três a quatro dias pra ficar pronta)

Sorri com o mais amarelo dos sorrisos, agradeci e guardei o cartão. Tu achas mesmo que eu vou incomodar o presidente do Tavares Buril? Fala sério! Se eu for ao Expresso Cidadão eu consigo a nova Identidade em três dias. O meu problema era o prazo pra transferência do título, que só pode ser feita até amanhã.

Como o número de informações ao público do TRE estava ocupado o tempo todo, dei uma de João-sem-braço e resolvi ligar pra ....presidência do TRE- Pernambuco. Ao atender, já emendo desculpas com a secretária que havia respondido "diretoria-boa-tarde-pois-não?". Enfim, ela gentilmente ligou para a minha quase-futura-zona-eleitoral e o diretor de lá havia informado que não era possível. Por via duas dúvidas, me deu o teçefone direto da minha seção (a 4ª, que engloba o bairro da Boa Vista)

Liguei. Não tinha coisa alguma a perder, a não ser um ensolarado dia de domingo de eleições no qual eu teria que pegar um busu até a longínqua Candeias pra votar em "Jaburacão dos Guararapes", terra da qual me orgulho de ter saído.

Liguei. Quem não chora não mama. E disseram que rolava, sim, a transferência com a minha cópia autenticada do RG (que eu ainda tenho).

Me taquei pro TRE sede, onde se localizava a minha zona. Após uma hora e meia de espera, Bicha Superpoderosa me liga.

Ele : Estás aonde?
Eu : No TRE, vim transferir meu título
Ele : Fala com fulaninha, que é assessora daí que ela resolve em dois tempos
Eu : Não, bicha. Me deixa quietinha aqui na fila. Não me custa nada...

Após duas horas de espera, fui bem atendida pelos funcionários do TRE. Transferi meu título pra votar no IEP, escola situada no Parque 13 de maior, a três minutos da minha casa. Não precisei importunar ninguém.

Tá, sei que sou uma boba. Mas eu realmente não em sinto bem fazendo algo em contrário disso. ODEIO quem fura fila. Desprezo gente que diz "sabe com quem está falando?". Execro os metidos a espertinho que acham que são melhores que as outras pessoas.

Tá, eu sei. Eu sou uma boba. Mas eu ainda acredito numa sociedade em que não haverão privilégios outros que não aqueles determinados pelo comportamento do cidadão enquanto ser atuante e em busca dessa vã ilusão filosófica que se chama "democracia"

Em tempo: eu estou orgulhosa das duas horas que passei na fila sem importunar qualquer pessoa. Bom pra aprender que tudo o que a gente fica deixando pra depois só nos prejudica. Estava querendo fazer isso há, pelo menos, dois meses. E fui adiando a 2ª via do RG. Adiei, adiei e adiei. Deu no que deu...

PS: Isso me faz lembrar que, em 2000, ao retirar meu segundo passaporte para viajar à França, fui à sede da PF, resolvi tudo, et e tal. Passaporte na mão, decidi visitar o assessor de imprensa da PF àquela época. Visitinha de cortesia, já que ele havia me conhecido por telefone (coincidentemente, pedindo um favor). Ao chegar na sala dele, ele mal me deu tempo de respirar, perguntando o que me tinha trazido ali. Disse a ele que havia ido fazer meu passaporte, ao que ele, prontamete, me solicitou a papelada. Ao lhe explicar que, na verdade, eu já havia tirado o passaporte e que só havia passado ra dizer "oi", ele ficou quase chocado. É mole?
Ou será que a anormal, de fato, sou eu?